terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nova consequência da precocidade

Quase todo menino sonha em ser jogador de futebol. Alguns só sonham. Ou porque não tem apoio da família, ou porque não tem oportunidade, ou não tem a felicidade do dom que lhes daria uma profissão e a possibilidade de melhorar de vida. Para os poucos que recebem um sorriso do destino, conseguem ser aprovados num teste e figurar nas fileiras de uma equipe de base, a batalha também não é fácil. O funil vem apertando, se modificando e criando novas variáveis.

Não é preciso ressaltar aos quatro ventos que mesmo entre aqueles que chegam a base, a porcentagem dos que se tornam profissionais de alto nível é muito pequena. Em tempo de Copa São Paulo, os botões fazem soar um alarme. O que farão no futuro esses garotos que estão tão perto do estrelato mas, muito mais próximo do ostracismo? Felizes daqueles que estão em grandes clubes. Minoria que parece ter encontrado uma solução interessante tanto do ponto de vista econômico quanto social.

São as parcerias funcionais. Esta semana, o São Paulo formalizou um acordo como esse com o Toledo, do Paraná. A idade limite da principal competição de categorias inferiores brasileira baixou. Agora a Copinha é sub 18. Ou seja, o garoto tem que explodir mais cedo. Da equipe que disputou a edição de 2007 do torneio pelo tricolor do Morumbi, apenas Breno subiu imediatamente ao time de cima. Para os demais, alguns deles ótimos, pouco restaria além de mais um ou dois anos no clube, seguidos de uma dispensa ou um empréstimo para um clube de pouca expressão. Uma sentença quase de morte para o sonho de ser grande no mundo da bola. Olha o funil apertando.

Pois bem. Nessa parceria já citada, muitos dos jovens de 2007 serão aproveitados. O São Paulo vai usar o uniforme do Toledo para dar rodagem as promessas. E vai prolongar o vínculo delas com o grande clube. Vai montar uma comissão técnica com profissionais que passem pelo seu crivo e acompanhar diretamente o cotidiano e o desenvolvimento dos atletas. Opa. Mais tempo para eles respirarem. Um pouco menos de pressão para quem teve no relógio, desde pequeno, um dos seus mais cruéis inimigos.

Num primeiro instante, pode não parecer completamente benéfico. Seria o gigante comendo o pequeno como tanto acontece em todos os ramos de atividade.Qual a diferença desse modelo para o outro no qual empresários alugam e até criam instituições para expor seus "jogadores mercadorias"? O vínculo. Isso é o essencial. O sonho parte daí. Da vontade de brilhar nos clubes que fizeram nascer lá dentro o desejo de jogar. Um estímulo que não tem preço. Uma ação com um custo ridículo se comparado aos frutos que pode render. Uma aposta sim, como tantas outras, mas, com maior chance de dar certo para todos os lados envolvidos.

Não é o fim dos pequenos. É o fortalecer a longo prazo. Além de aporte financeiro, eles teriam times mais competitivos, na maioria dos casos. Estádios mais cheios motivados também pelo atrelamento a grandes marcas e torcidas. Um golpe de mestre no quesito marketing. Uma solução que precisa ser estudada e aprimorada. A continuidade pode provar que cada palavra aqui é uma falácia. Eis um terreno a ser explorado com atenção. É preciso gerar perspectivas. Mesmo que elas não sejam tão abrangentes quanto se gostaria. Oxigênio para o futebol e tudo mais!!

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