sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Lá como cá um problema do terceiro mundo


Em matéria publicada pelo jornalista Jorge Luís Rodrigues na edição do último domingo do jornal O Globo, é traçado um panorama da situação atual dos estádios que vão sediar jogos da Copa de 2014 na África do Sul. Serão dez estádios. Cinco totalmente novos e cinco adaptados aos padrões FIFA. Mesmo assim, o orçamento inicial que previa o gasto de 8,2 milhões de dólares já estourou em 3,2 milhões.

Nada mais que um absurdo padrão. Pelo menos quando nos referimos a países pobres ou em desenvolvimento. Os defensores dessas candidaturas cotam os preços numa irrealidade que não prevê suas dificuldades econômicas e os aproveitadores de plantão que sempre querem levar um a mais. É claro que isso também acontece no primeiro mundo. Mas a diferença está nos órgãos reguladores subsidiados ao governo e nele próprio. Existe respeito ao dinheiro público.

Eventos esportivos não podem se valer do desenvolvimento social que o esporte gera para serem vistos como prioridade. Este não é o esporte transformador. A verdadeira mudança está no incentivo a prática escolar e a projetos menores com efeitos positivos diretos e a médio prazo. Andar junto com a cidadania. É este o dever. Assim deveriam pensar os homens de decisão. No nosso caso particular, o ministro dos esportes, que sequer se pronuncia a respeito de uma política esportiva com mecanismos que facilitem o aporte de dinheiro privado nesta área. Porque? Talvez pelos resultados só se tornarem visíveis daqui a 15 ou 20 anos. Não dá ibope.

Copa das Confederações
Voltando para os estádios africanos, nenhum dentre os que estão sendo construídos tem o cronograma respeitado. Todos estão atrasados. E a Copa das Confederações, a ser realizada em julho, que segundo a FIFA deve funcionar como evento teste para o país tem seus planos alterados. A competição deveria contar com pelo menos um dos cinco novos estádios, mas isso não vai acontecer.

Evidentemente que esses testes podem ser feitos em outros torneios. A Copa das Confederações está longe de ter suma importância. Essa situação de calendário só evidencia o quanto a África terá de se desdobrar pra fazer o mundial. E vai conseguir. Com um custo muito acima do aceitável para seus padrões. Mundial só em terras européias é o que defendo. E não se trata de uma visão preconceituosa ou elitista e sim humanitária. O povo africano não vai poder sequer acompanhar as partidas de uma festa feita para ricos e turistas. E na Europa ela não traria conseqüências sociais tão trágicas.

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