sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vitória a meia bomba


Mesmo longe de realizar sua melhor partida no Brasileirão, o Cruzeiro bateu o Goiás fora de casa por 1 a 0 sem muito esforço. O destaque individual do jogo ficou por conta do atacante Thiago Ribeiro. Com assintências, dribles e duas finalizações perigosas, ele levou a lenta e atrapalhada defesa do Goiás a momentos de desespero. Montillo, mesmo fazendo sua pior partida desde que chegou a Raposa, foi o autor do cruzamento que gerou o gol contra de Jonilson, decisivo para o placar. O Cruzeiro agora é vice líder e vive um momento que pode ser a arrancada para o título.

O Goiás veio para a partida com a única estratégia possível pelas suas limitações técnicas. Um meio campo super povoado, todo atrás da linha da bola e que pouco se interessava em sair com velocidade para o contra ataque. Na frente apenas o pobre Rafael Moura. O time mineiro teve muita dificuldade durante quase todo o primeiro tempo. Sobretudo porque seus três ótimos volantes, Fabrício, Henrique e Marquinhos Paraná que voltava ao time titular na vaga de Éverthon, se arriscavam muito pouco na parte ofensiva. Outro motivo certamente era a presença de Robert no ataque, ou a ausência de Farias e Welington Paulista. O ex palmeirense perdeu um gol incrível.

O alviverde tentou suprir a falta de criatividade no setor de meio campo deslocando Júnior para lá. Não deu resultado. Bernardo, o melhor meia goiano no campeonato, foi impedido de atuar por questão contratual, já que ainda pertence a Raposa. A falta de opções no elenco ficou exposta no segundo tempo quando Jorginho foi obrigado a lançar mão de Welington Saci (aquele mesmo torcedor corinthiano), e Camacho, oriundo da base do Flamengo para resolver esse problema.

A primeira chance azul só apareceu aos 25. Thiago Ribeiro fez jogada pela esquerda, se livrou do zagueiro e cruzou para Fabrício que chegou um segundo atrasado. Depois vieram as duas chances reais da primeira etapa. Na primeira, Marquinhos Paraná colocou Robert de frente para o gol. Ele demorou e permitiu a saída arrojada do sempre competente Harlei para abafar seu chute. Na sequencia foi a vez de Montillo cobrar falta rápida e servir Ribeiro que cortou Valmir Lucas e mandou na trave.

Na volta para o segundo tempo o técnico Jorginho foi ousado. Tirou Wendel e colocou mais um atacante. Otacílio Neto. Deixou o time mais exposto a um Cruzeiro que passou a marcar pressão na saída de bola e não demorou a colher os frutos. Após roubada de bola de Fabrício, Henrique fez um corta luz e Montillo mandou uma bomba raspando o poste direito de Harlei. Na jogada seguinte, o chileno se livrou de Marcão e cruzou, ao tentar interceptar Jonílson marcou contra de peixinho e com muito estilo. Atrás dele estava Thiago Ribeiro prontinho para balançar a rede.

A zaga goiana insistia em maltratar o torcedor e a bola. Valmir Lucas errou o passe e deixou novamente Thiago em condições de marcar. Mais uma que raspou a trave. Mas o ex sãopaulino também sabe servir e deixou o jovem Pablo livre na entrada da área. Ele encheu o pé e Harlei pegou mais uma. Cansado e frustrado por não receber bolas, Rafael Moura levou a mão ostensivamente a dona do jogo numa das poucas vezes em que foi acionado. Tomou o terceiro amarelo e desfalcará a equipe pela segunda vez em quatro partidas. Destinos traçados. Um briga pelo título até o fim. O outro agoniza na luta inglória contra o rebaixamento.
Foto: Gazeta Press

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vai sair na marra e na conveniência

A obviedade burra diz que os corinthianos devem estar mais que felizes, enlouquecidos pela possibilidade mais real em cem anos de história da construção de um estádio próprio. Essa mesma obviedade faz os cartolas de Parque São Jorge declamarem escondidos na coxia dos bastidores uma vitória diante do São Paulo, na batalha pessoal de egos e muita, muita grana mesmo, que envolve a sede da abertura do Mundial de 2014.

O amante racional do futebol chora ao ver um evento como a Copa ser utilizado como ferramenta de manobra da grande massa que paga impostos, mas pouco parece se importar com o destino que sua contribuição tem à partir do momento que chega aos cofres públicos. Ou alguém sem interesse econômico nas novas obras e desprovido da paixão clubística mais exacerbada acha realmente necessário o erguimento de mais um estádio para a capital paulista? Pior. Não se pode negar que essa decisão vai trazer dividendos políticos positivos para todos os envolvidos, direta ou indiretamente.

Justamente quando o Palmeiras reforma seu estádio com parcerias e dinheiro da iniciativa privada e o São Paulo se disponibiliza a fazer uma reforma que considera viável em seu palco. Reforma essa que já seria capaz de abrigar uma semifinal.

E Lula sabe de tudo isso. Mesmo sendo "um fiel", não é favorável a obra em Itaquera, ou pelo menos, a intenção de que ela sirva a Copa. Porque sabe que o Morumbi teria condições para faze-lo. O líder popular de força incalculável, que consegue "criar" uma sucessora a sua imagem e semelhança e coloca-la numa posição de virtual presidenta do país, não se atreve no entanto, a bater de frente com os cartolas da bola e usar seu prestígio para evitar o arrombamento desnecessário das finanças públicas.

Quando o leitor ouvir a frase: Aqui não haverá dinheiro governamental para constução de estádio visando a Copa, desconfie. O novo subterfúgio se chama empréstimo do BNDES. O Banco Nacional do Desenvolvimento está se oferecendo de braços e bolsos abertos a todos aqueles que se disponibilizarem a "ajudar o país para o Mundial". Quer comprovar o que digo? Tente você pequeno empresário adquirir um empréstimo de um valor muito mais baixo junto ao mesmo banco. Enfrentará todo tipo de processo burocrático possível. Terá que comprovar quem sabe até a lisura financeira do seu vizinho. Além é claro de contar com a paciência e a sorte.

O governo paulista que até pouco tempo tinha a postura admirável de vetar que coisas do tipo acontecessem no estado, agora se finge de morto diante da opinião pública. Aderindo ao discurso do quem não ajuda não atrapalha. Não é difícil encontrar na cúpula, sorrisos e suspiros de alívio. Uma saída conveniente para todos os interessados. Empréstimo do BNDES não é ilegal. Mas, neste caso, é imoral.

domingo, 15 de agosto de 2010

Goiânia também é a casa da estrela solitária.

Dez mil pagantes no Serra Dourada viram o Botafogo fazer 2 x 0 no Atlético Goianiense. Desses, no mínimo, 6000 botafoguenes. Os cânticos da torcida alvinegra fizeram com que os "filhotes do papai Joel" mantivessem o embalo e emplacassem a terceira vitória seguida.

O time carioca mudou sua cara com os reforços recentes. Marcelo Matos, Maicosuel e Jóbson tornaram o time de General Severiano mais ofensivo e imprevisível. Tanto que o primeiro lance de perigo saiu numa finta desconcertante de Jóbson em Welton Felipe.

O uruguaio Loco Abreu não viajou com a equipe. Foi poupado após ter jogado no meio de semana por sua seleção. Sua falta foi sentida principalmente no primeiro tempo. Sem imaginação no último passe, o Botafogo foi limitado pela marcação adversária nos primeiros 30 minutos

Jóbson era o brilho. Em mais uma grande jogada, ele colocou a bola na cabeça de Herrera que desperdiçou. Os goianos não existiam no ataque.

Na volta para o segundo tempo, a redenção. Herrera matou no peito e serviu Somália que marcou de carrinho. Era o que faltava para o Fogão se soltar e a torcida gritar olé em terreiro alheio.

Daí em diante, até zagueiro acertou passe no ataque. Foi assim que Fábio Ferreira achou Jóbson que cruzou rasteiro para Edno perder grande chance de ampliar.

Jóbson então decidiu resolver. Em lance individual, ele driblou o goleiro Márcio e rolou para a rede. Maicosuel também cresceu no segundo tempo Lúcio Flávio parece cada vez mais fora dos planos. A Libertadores é um sonho possível. Ao Atlético pouco resta. A permanência na primeira divisão seria surpresa.

Hulk marca e Porto estreia com vitória no Português


Mesmo desfalcado de vários jogadores que deverão ser titulares na temporada, o Porto venceu o Naval por 1 x 0 com gol do braileiro Hulk e somou três pontos na primeira rodada do lusitano.

As dimensões do gramado eram muito reduzidas. Jogadores espremidos e excesso de passes erados no início.
Dois pênaltis, ou melhor, dois megulhos não foram marcados. Um para cada lado. Primeiro Falcâo Garcia e depois João Pedro não passaram no teste para ator

Varela pelo lado direito era a principal arma ofensiva do time do Porto. Ele completou o tripé ofensivo ao lado de Garcia e do braileiro Hulk. Beluchi também ameaçou na bola parada.

Hulk foi o melhor homem em campo. Dentre os 22, o único a tentar o drible, obteve suceso em três oportunidades.

Mas o jogo não fluiu. Uma arbitragem permissiva não coibiu o excesso de faltas. A falta de rítmo também contribuiu para uma partida travada. O lance mais bonito ficou por conta de uma tabela de Hulk com o colombiano Guaín que perdeu o gol.

Juliano quase surpreendeu pelo Naval. Ele obrigou o braileiro Hélton a fazer grande defesa. Na sequencia, em um pênalti muito duvidoso marcado num toque de mâo, Hulk fez o gol da tarde. O atacante ainda perdeu uma chance de ampliar o placar.
Foto: Jornal A Bola.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Kaká e uma nova cirurgia.


Nada como o tempo para trazer as verdades à baila. Kaká foi submetido ontem (4 de agosto), a uma artroscopia em seu joelho esquerdo. Após realizar alguns treinos com os companheiros de Real Madrid na pré temporada, o brasileiro fez uma série de exames e se viu obrigado a entrar na faca.

Alguns detalhes. O médico belga que operou o jogador,Mac Martens, o mesmo que já cuidou de Ronaldo fenômeno, garante que a cirurgia em nada tem a ver com o problema pubiano que já atormenta o brasileiro constantemente. Segundo o cirurgião, o que aconteceu foi um ajuste no menisco do atleta.

Seja isso uma verdade completa ou não, fica evidente que o craque tem o corpo seriamente comprometido e vai ter muitas dificuldades para jogar uma sequencia maior de partidas em alto nível. A lesão pubiana, por sua vez, é crõnica e pode ser apenas controlada. Problemas agravados pelas características do ex melhor do mundo. Velocidade, arranque, carregar a bola. Tudo isso exige muito de uma musculatura já desgastada. Ele terá de se adaptar e escolher jogos e períodos mais importantes da temporada para dar seu máximo. Do contrário, terá a carreira abreviada e dificilmente vestirá a amarelinha em 2014.

José Luis Runco, médico acertadamente mantido no cargo de chefe da comissão médica brasileira, não estava mentindo quando dizia que, naquele momento (o decorrer da Copa), não era o púbis que mais incomodava Kaká O joelho deveria ter sido operado antes. E não foi, certamente, por decisão do jogador, que nunca se furtou de sacrifícios para servir seu país. Louvável aos olhos dos patriotas. Questionável do ponto de vista profissional. O time merengue, que paga um respeitabilíssimo salário ao atleta, ficou na mão mais uma vez.





sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sem convencer, Brasil vence mais uma na Liga Mundial.



Sem apresentar o melhor do seu jogo, o Brasil venceu a Coreia do Sul por 3 sets a 1, fora de casa, e conquistou a oitava vitória em nove partidas na primeira fase da Liga Mundial. Mesmo com esse ótimo aproveitanto, a Bulgária faz companhia aos comandados de Bernardinho na liderança da chave. Cometendo mais erros que o habitual, o Brasil cedeu um set ao adversário e ganhou apenas um deles com tranquilidade.



(Foto:Blog do Laguna:)


Como já se esperava, o Brasil começou a partida impondo o seu melhor voleibol. Com a recepção funcionando bem, o levantador Bruninho pode fazer valer a maior altura dos ponteiros e dos centrais do time de Bernardinho. Lucão começou fazendo três pontos seguidos. Mas, estranhamente, a equipe relachou cedo demais e passou a cometer muitos erros de ataque. Foram 6 até a metade do set. Dante, que fez sua partida 250 pelo Brasil, não teve um bom aproveitamento. Bernardinho percebeu os problemas e fez a inversão do 5 1, colocando Marlon e Wallace A Coreia apostava na principal característica oriental, a defesa. O placar chegou a ficar empatado em 19. E depois em 25. Lucão continuou a ser o jogador mais regular. Fez 8 pontos no primeiro set. E foi através de um bloqueio agressivo com a presença do meio de rede, que o erro do ataque coreano foi forçado. Brasil 27 a 25.

O segundo set começou com o Brasil novamente abrindo vantagem. Desta vez, os principais fatores responsáveis foram os erros de contra ataque dos asiáticos e dois pontos de saque de Dante.Mais concentrada, cometendo menos erros de ataque e podendo contar com um melhor aproveitamento do ponteiro Murilo, o jogo foi mais controlado. Mesmo assim, o fundamento bloqueio não foi nada bem. Errando o posicionamento, o sistema defensivo demonstrou que pode ter problemas num jogo mais difícil. O saque foi o melhor fundamento brasileiro nessa parte do jogo. Mesmo só conseguindo fechar o set na sexta oportunidade, deu Brasil. 25 a 21.

Jogando de maneira descompromissada, a Coreia aumentou seu aproveitamento de ataque no inicio do terceiro set. Os erros continuaram, mas agora em maior número. O time coreano foi valente e sempre acompanhou de perto o placar. Mas a impressão era de que quando pressionados, alguns jogadores cresciam de produção. Porém, a seleção foi atingida pela chamada "síndrome do terceiro set". Permitiu que, com muito mérito e um bom rendimento na defesa e no saque, o time asiático virasse o jogo. Foi só o terceiro set vencido em nove jogos. É verdade que houve um erro decisivo da arbitragem, mas nada que justificasse a derrota por 25 22.

Foi um susto bem absorvido pelo Brasil. Era importante vencer por 3 a 1 pois em caso de perda de mais um set, a vitória valeria dois pontos e não três. Foi preciso lidar com uma situação pouco comum. Foram 25 erros, equivalente a um set, dados ao adversário. Era nítido o nervosismo e o descontentamento da comissão técnica brasileira, isso porque na semana que vem, as paradas serão bem mais difíceis, com dois jogos diante da Bulgária, nos quais será decidida a vaga direta para a fase final da Liga Mundial. O quarto set foi o único a estabelecer a real diferença técnica entre as equipes. Numa pancada de Murilo o Brasil fechou em 25 13 e fez 3 sets a 1.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Por um Corinthiano

Ainda com a faca no peito escrevo sobre a angústia. São exatamente duas horas e oito minutos da manha e só agora a mistura de emoções parece ter ido tirar uma soneca. Juntar os cacos é tarefa para poucos e bons. Tentar unir os pedaços provoca sempre a escapulida de uma ponta que ainda vai demorar a se encaixar. Mesmo assim, vai deixar uma fissura.

Caímos dignamente. E não há como tirar dessa frase um tom de frustração que permite o deboche aceitável do rival que cumpre seu papel. Ainda bem! Terreno fértil para frases feitas como: “nadou, nadou e morreu na praia” ou “jogaram como nunca e perderam como sempre”. Mas não. O Corinthians não perdeu como sempre na Libertadores. Pelo menos, não com o mesmo ódio. Ódio que a disputa de pênaltis fez surgir duas vezes em direção a uma criatura admirável como o goleiro palestrino Marcos. Ódio transformado em selvageria injustificável quando fomos o touro na nossa própria arena contra o River Plate.

Aplausos de reconhecimento e sangue ao término do jogo no Pacaembu. Mas, sobretudo aplausos de respeito. Inocentes talvez, porque são baseados em um treinador com uma clareza incrível em suas ponderações e análises. Em um grupo de jogadores que parece ter estofo e caráter suficientes para permitir que a torcida abra os braços e os carregue de volta a trilha espinhosa do sonho que teima em dizer que é pesadelo. Em um presidente que prometeu modernizar o clube fazendo com que o gigante usufruisse comercialmente mais e melhor do seu tamanho. E o fez. Andrés que tem 3 títulos em 2 anos e meio e também, a serenidade de vir a público e não maximizar a tragédia. Procedimento simples sim, mas impensável em tempos anteriores onde reinavam a paixão pura e a desordem.

Complacência em excesso é um defeito tão grave quanto a precipitação. Por isso é legítimo apontar o dedo em direção as falhas e a seus autores. A maior delas de Moacir, ao fazer a penalidade que gerou a derrota do Maracanã. Ou será de Mano? Que contratou um lateral “dono” de um Campeonato Brasileiro medíocre por um time rebaixado em 2009. É também do torcedor que pela desvantagem em relação aos adversários regionais, transmite aspecto de obrigação a uma conquista. E uma grande conquista é sempre um mérito. Nunca uma obrigação.

Flamengo. Melhor em três dos quatro tempos da decisão. E muito melhor no mais decisivo deles. Um time que, em todos os momentos que esteve concentrado, foi superior. Não porque seja uma “máquina” e tenha feito duas ótimas exibições. Mas, porque soube defender e atacar quando preciso. Foi solidário. Foi terrivelmente cruel ao encarar essa partida como mais um jogo importante e decisivo. Só mais um. A reclamar, apenas dos Deuses do futebol, que para os corinthianos parecem interferir sem piedade no destino. Ah! Os dedos de Bruno na falta batida por Chicão.
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